Os Tempos pós-modernos estão marcados pela aceleração do tempo e da vida. Acelerar significa resolver problemas de maneira que este tome menos tempo e energia, o que pode gerar decisões mais frágeis do ponto de vista do pensamento. Frágeis também estão as relações entre as pessoas e pessoas-instituições. Eu não duvido de sua capacidade de amar, caro leitor, mas duvido que o amor e outros sentimentos ainda sejam importantes. Sentir amor demanda tempo. Os sentimentos e a esfera da subjetividade foram tragados pelo Tornado chamado monetarização. O intelecto raciocina como se fosse sempre necessário maximizar ganhos. É antes o trem-bala em ação. Se na modernidade a locomotiva era símbolo de um mundo a se transformar, imagine a nossa sociedade de laços líquidos.
Mas veja, o que escrevo não é saudosismo romântico. Pretendo, antes, dizer: estou com medo, não sei como agir.
Oh fragmentado mundo, cheio de dores e delícias.
Adoro essa época sem Instituições fisicamente coercitivas, sem uma fogueira em cada praça pública. Aliás, gosto é de praças com Figueiras e Ipês coloridos. Gosto de sair a noite pelas ruas e pensar: estou bêbado e nem uma autoridade pode me recolher, seja como doente mental, marginal. A autoridade ainda existe, a serviço do patrimônio privado, cada vez mais pronta para agir em nome da defesa do carro importado, do condomínio fechado, dos closets cheios de gravatas, plumas e Pradas. Uma propriedade privada deve estar sempre limpa, para isso uma horda de serviçais: policiais a recolher e enclausurar o lixo social; políticos a legislar em favor de contas com mais de 9 dígitos. As Instituições não são física, mas psiquicamente coercitivas (“compre Batom!”).
Ao final deste parágrafo concluo: ou fui contraditório ou é a época das contradições.
Ou será como as modas: é possível combinar tudo com tudo. Flexível. Carros Flex., planos de saúde e telefonia Flex. O novo e moderno e o futurista e o de outro planeta.
Blumenau está imune a isso tudo? Parou num tempo passado que fica a olhar para o futuro? Ou sente o eterno peso do presente? Vive nas barbas do local ou no cardápio de pratos pós-moderno? Tudo isso para pensar no Painel sobre Propostas Culturais, que vai acontecer em breve.
Somos todos homens e mulheres de pensamento. Pensar é buscar respostas e soluções para um dado, um acontecimento. Mas que aceitemos nossa condição de moradores de época do semiculto. Dialogar é preciso, uma ética comunicativa. Acho que não é o quadro atual das nossas políticas culturais. Entreter sim, mas não esquecer-se dos diálogos. Gastar recursos e tempo com projetos que busquem a autodeterminação e autonomia das pessoas. É preciso que todos sejam artistas do esquizofrênico, a exigir sim recursos financeiros para Editais Temáticos regulares, programas e projetos culturais trans (sexuais) trans(versais) e trans(formistas).
Creio que é refletindo sobre nossa condição material-subjetiva que devemos traçar planos para uma política cultural que PRIORIZE maneiras atuais de estancar a sangria do homem/mulher da modernidade líquida rumo ao desencantamento. É preciso jogar o elemento humano num fogo que arda a diversidade. Que cante, encante. Que respeite o outro.
2 comentários:
Aliás, o Geertz vai dizer :"É preciso pensar o outro a partir do seu próprio quadro teórico e referencial".
Se o amor demanda tempo agora entendo porque ando tão devagar... Gostei do texto é certa a necessidade de dialogar e visitar o quadrado do outro de vez em quando, unir forças para um objetivo comum! Abraço.
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