terça-feira, 16 de dezembro de 2008

SOLIDARIZE


Jogue seu ego no lixo!
Solidarize, solidarize

Jogue no lixo
O seu racismo
Seu individualismo
A sua homofobia

Solidarize, solidarize

Tire do lixo
O seu amor
A sua verdade
A sua alegria

Solidarize, solidarize

Solidariedade, solidariedade
Não é só uma palavra
Não é uma palavra morta
Identifique, proclame, pratique

Solidariedade, solidariedade
Não é só uma palavra
Não é uma palavra morta
Identifique, traduza e multiplique

Solidarize, solidarize

Solidariedade
Solidariedad
Solidarité
Solidarity
Solidariät
Solidarietá...

Jogue seu ego no lixo



( Tânia Rodrigues )

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Uma das cenas do ano!

Sarau Eletrônico publica entrevista com a escritora Urda Alice Klueger

Urda Alice Klueger nasceu em Blumenau, cidade onde construiu sua carreira literária. Historiadora graduada e pós-graduada na Universidade Regional de Blumenau, é autora de quase vinte livros entre romances, crônicas, relatos de viagens e literatura infanto-juvenil, dos quais se destacam: “Verde Vale” (1979), “No Tempo das Tangerinas” (1983), “Cruzeiros do Sul” (1992), “Entre Condores e Lhamas” (1999), “No Tempo da Bolacha Maria” (2002) e “Sambaqui” (2008).
Militante dos movimentos sociais, Urda atua ainda como editora, cronista e vivenciou ativamente a história cultural do Vale do Itajaí nas últimas três décadas. Pesquisa também a arqueologia do litoral de Santa Catarina.
Nesta entrevista, concedida ao Sarau Eletrônico em novembro de 2008, a escritora fala, entre outros assuntos, sobre sua infância, sua obra, sua história de vida e sobre sua passagem por grandes veículos da imprensa escrita catarinense.
O endereço do site é www.bc.furb.br/saraueletronico

sábado, 13 de dezembro de 2008


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Curso Básico de Fotografia
Local: Sede do Foto Clube Santa Catarina - Blumenau
Início dia 12 de Março de 2oo9
Vagas Limitadas
Valor: R$ 200
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...Conteúdos / Horários / Inscrições...



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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Deliberações Setorial Artes Cênicas - 3a Conferência de Cultura

A 3a Conferência Municipal de Cultura de Blumenau terminou pela metade, em virtude das fortes chuvas daquele sábado, véspera de tragédia. Ainda assim, aconteceram discussões, os grupos se reuniram e apresentaram propostas. Eis aqui as percepções e propostas da Setorial Artes Cênicas, da qual participei e fui um dos relatores.

Senhores gestores;
Conselheiros de Cultura;
Artistas e produtores culturais;

Algumas percepções da Setorial “Artes Cênicas” sobre o processo de Conferência:

• A Conferência Municipal de Cultura deve ser a norteadora das políticas e ações culturais em Blumenau;

• As discussões sobre política cultural não devem ficar restritas ao espaço-tempo de uma Conferência. Esses debates devem ter seqüência durante o ano inteiro, articulando artistas, produtores culturais, conselheiros municipais, empresários e poder público;

• A comunicação entre artistas, produtores culturais e conselheiros de cultura deve ser permanente e os avisos e convites feitos com antecedência;

• Entendemos que o atual processo que organiza a Conferência Municipal de Cultura é falho ao restringir todos os debates a um único dia. Propomos um novo modelo para a Conferência: quando de uma palestra de abertura, opcional e realizada na sexta a noite; o sábado, manhã e tarde, deve ser destinado aos debates dos grupos e a noite culminar com uma festa multicultural e o domingo, plenária final e deliberações.

• Propomos a organização de quatro grupos de trabalho para a 4ª Conferência Municipal de Cultura: a) Política Cultural; b) Gestão Pública de Cultura; c) Cultura e Pensamento e; d) Economia da Cultura, em consonância com os debates nacionais e motivando os participantes a pensar política cultural numa lógica coletiva.


Propostas da setorial “Artes Cênicas” para 3ª Conferência Municipal de Cultura- 2008.

1. Aumento dos valores do repasse ao Fundo Municipal de Cultura.
Agente: Artistas locais / Câmara de Vereadores / Conselho Municipal de Cultura.

2. Apoio para a pesquisa e produção dramaturgica e cênica através do lançamento de Edital Temático Artes Cênicas, contemplando, também, oficinas e workshops.
Agente: Artistas Locais/ Câmara de Vereadores/ Conselho Municipal de Cultura/ Fundação Cultural de Blumenau.

3. Criação da Lei Municipal de Fomento às Artes Cênicas.
Agente: Grupos teatrais de Blumenau / Câmara de Vereadores/ Conselho Municipal de Cultura.

4. Realização de circuitos de apresentações teatrais nas comunidades blumenauenses, utilizando os espaços físicos já existentes, em parceria com os grupos de teatro da cidade, a exemplo da Temporada Blumenauense de Teatro;
Agentes: Fundação Cultural de Blumenau/ Grupos de teatro de Blumenau.

5. Contribuir com a captação de recursos para a Temporada Blumenauense de Teatro;
Agente: Fundação Cultural de Blumenau.

6. Adequação físico-estrutural da sala Carlos Jardim;
Agentes: Fundação Cultural de Blumenau.

7. Revisão do organograma da Fundação Cultural de Blumenau a fim de instituir critérios para a indicação dos gestores culturais, a partir de competências e afinidade com a área cultural;
Agentes: Artistas locais/ Conselho Municipal de Cultura/ Câmara de Vereadores/ Gabinete do Prefeito.

8. Divulgação das reuniões do Conselho Municipal de Cultura no Roteiro Cultural de Blumenau;
Agente: Conselho Municipal de Blumenau/ Fundação Cultural de Blumenau

9. Realização da 4ª Conferência Municipal de Cultura no mês de setembro de 2009, contando com dois dias de debates e organizada a partir dos seguintes grupos de trabalho; Política Cultural; Gestão Pública de Cultura; Cultura e Pensamento; Economia da Cultura.
Agente: Conselho Municipal de Cultura


Abraços e firmes para o próximo ano!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Fundação Cultural abre novas exposições

A Fundação Cultural de Blumenau convida a comunidade para visitar, a partir desta quarta-feira, 10, as exposições Caminho Inverso, de Clóvis Truppel, no MAB, Felipe Lobe, com Ser, fazer e ter, na Galeria Municipal de Arte, artistas da Bluap - com a mostra Identidades, na Sala Especial do MAB, cartazes do Cinearte - Retrospectiva 2008 – curadoria de Herbert Holetz, na Galeria do Papel, e a exposição Fotoelétrica, de Alexandre Venera e Charles Steuck, na Sala Elke Hering. As mostras estarão abertas à visitação pública de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 horas e das 13h30min às 17h30min; sábados, domingos e feriados, das 10 às 16 horas. A entrada é gratuita e a Fundação Cultural fica na Rua Quinze de Novembro, 161. Visitação até fevereiro de 2009.

A fase atual de Clóvis Truppel continua dentro de sua linguagem figurativa. Neste trabalho, coincidentemente, algumas das obras são chamadas de geografia fracto-facial, imagens desconstruídas, que em sua essência ainda contém na imagética os traços que identificam sua origem, ou seja, o rosto da pessoa retratada. É uma exposição onde permanecem seus traços um pouco alheios à estética comum; pessoas que estão ligadas direta ou indiretamente à sua trajetória são retratadas principalmente por seu apelo estético-figurativo, importância na vida particular do artista e ou em suas áreas de atuação. Estas obras, todas de beleza singular, foram criadas virtualmente com os recursos da moderna tecnologia, computadores, mesa digitalizadora, softwares de manipulação de imagens, filtros e outros recursos gráficos e que são materializadas por Clóvis Truppel com toda a beleza pictórica proporcionada por estes recursos.

Iniciando sua carreira em 2001, o artista plástico Felipe Lobe adquiriu o gosto pela pintura de seu antepassado, o expressionista alemão Frederico Guilherme Lobe. As obras de Felipe ampliam conceitos que exploram o expressionismo de forma inovadora. Se destacam nos mais variados formatos visuais, sempre explorando novas técnicas e materiais diferentes, criando uma própria identidade em suas obras. Desenvolveu ao longo desses anos diversos trabalhos e projetos, com destaque para o Clube da Arte Felipe Lobe, a obra premiada "Na Cadeira", no Salão do Jovem Artista da RBS 2008, a Mostra Catarinense de Arte Indaial 2008, Pretexto Sesc 2008, em Blumenau, entre outros.

A exposição coletiva da Bluap, que acontece na Sala Especial do MAB, tem como proposta ampliar as reflexões sobre "Identidades". Formas de identidades pessoais e coletivas que apesar de serem muitas vezes contraditórias, acabam se cruzando, podendo até se completar. Participam da mostra, vinte e nove artistas associados, explorando possibilidades de compreensão das representações das obras apresentadas.

Exposição Fotoelétrica

Alexandre Venera e Charles Steuck ocupam a Sala Elke Hering da Fundação Cultural de Blumenau com a mostra Fotoelétrica, onde podem ser conferidos trabalhos de pesquisa e experimentações impulsionados e conduzidos na eletricidade. Venera desde 2000 vem produzindo uma série de trabalhos em multimídia. Charles explora novos suportes para a fotografia.

Fontes: Reynaldo Pfau (Diretor do MAB) 3326 6596 e 9927 5760.
Jornalista: Marilí Martendal – MTb/SC 00694 JP. 3326 8124 e 9943 0235.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

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UM BLOG DE ANGOLA:
* COM MUSIQUINHA
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onde pode-se encontrar, por exemplo, esta critica literária:
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Treze poetas de Angola

Ricardo Corona
*Seria exagero aferirmos à arte poética função didática ou compromisso directo com os actos humanos sem considerarmos que aquela permanece, espontânea e constantemente, em atenção a estes – como qualquer evento do homem – por sua natureza de pertencer ao núcleo utópico de ensinar, comover e deleitar. Uma adesão à palavra com consciência de que a poesia nos move porque pertence igualmente ao vivo e, portanto, seria menos uma função e mais um alento, que podemos identificar também nas línguas ou na genealogia de um sim. Para ajustarmos mais precisamente o foco, recorro a um texto que está no Operette Morali, de Leopardi: “Tenho pouco apreço por aquela poesia que depois de lida e meditada não deixa no espírito do leitor um sentimento nobre tal que, por meia hora, o impeça de admitir um pensamento vil e de cometer uma acção indigna.”Ovi-Sungo, treze poetas de Angola (Lumme Editor, 2007), antologia organizada por Claudio Daniel, um recorte com poemas escritos de 1970 a 2000 tem o mérito, o primeiro de uma lista de importâncias, de nos colocar a par, pelo radar poético, pelas “antenas da raça”, daquilo que podemos generalizar, com Agualusa, ser a acção sensível da “reconstrução permanente” de uma nação. Um atinar constante para o sentido das coisas vividas em colectividade, que são (ou deveriam ser) desde o amor até a moeda mínima que compra o pão de cada dia. Um sentimento que está arraigado na vida dos angolanos e que aparece em poemas desta selecção, como veremos nos versos de Jorge Arrimar, nos quais se lê: Eu sei que as paredes grossas / da casa onde nascemos / se começaram a construir / no tempo de outras gerações. / E ambos descobrimos isso / quando gatinhávamos / pelas primeiras letras / dos livros mais antigos / que lhe serviram de alicerces // Ainda os vemos de páginas abertas / no chão húmido da memória, / como se fossem janelas / das raízes que nos suportam. (As janelas das raízes, p. 141). Ou no embate das palavras acesas de Maria Alexandre Dáskalos: A alma é como a lavra. / Quando as nossas mãos voltam a desfiar. / O milho amarelo de ouro? (...) / Como se faz o mundo? Quando começa o mundo? (Sem título, p. 175). E a justa atribuição das palavras, em Abreu Paxe: entre as trevas e a seiva da sintaxe abundam palavras / inofensivas nada dizem à pátria por imitação os impérios / renovam os aspectos os tempos os modos (...) (Em sexo livre a língua, p. 47). A julgar pela selecção reunida no volume, são poetas que dizem sobre essa reconstrução de contexto. Os poemas, meio brinquedos que desmobilizam o real, sibilam e movem significados transformadores da realidade inanimada da Angola que mesmo após se livrar em 1975 da intransigência do colonialismo português vigente desde o século XVI até o XIX, transformou-se em palco da Guerra Fria –, com maoístas financiados por norte-americanos e comunistas apoiados por russos. São mosaicos sensíveis, contrastantes, diante dessa Angola das muitas jazidas de diamantes, dos muitos poços de petróleo; riquezas cobiçadas por europeus e norte-americanos, à custa de muita dor social, nunca permitindo que essas riquezas se transformassem em benefício para o angolano. Trata-se de uma poesia sendo feita em tempos declarados de não-poesia.Giuseppe Ungaretti, outro poeta “italiano” (na verdade de origem egípcia), refletiu exaustivamente sobre a poesia vinculada ao seu tempo, com aguda consciência dos estados de convulsões da história e perscrutado pela gênese da memória e da inocência, nunca abandonou a utopia mais alta: “A poesia reafirma sempre – é a sua missão – a integridade, a autonomia, a dignidade da pessoa humana. Se ela chegasse um dia a vencer sua batalha, se chegasse a salvar finalmente a alma humana, se um dia, na unidade das crenças, o primado do espírito fosse por todos admitidos como regra fundamental de toda sociedade, a poesia teria vencido sua batalha, e as dificuldades morais, que sempre dividiram tão tragicamente a humanidade, seriam finalmente resolvidas.” Talvez pudéssemos ver “O mundo recriado a partir dos olhos duma mulher”, seguindo os versos de João Tala (p. 137): Sou a palavra que você não disse / o nome que você não chamou. / Contigo viverei palavras desiguais / palavras ardidas na língua que as prolonga; / palavras perdidas e procuradas / onde tentas o sonho. Quem sabe fosse possível sentir a abundância nos milharais, entoada nos versos de Eduardo Bonavena: A chuva / Vai tornar a cair / Sobre / A minha aldeia / As bandeiras do milho / Voltarão a flutuar / Ao vento. / Teremos verde nos olhos / Os lábios molhados de leite. (...) (“Dos ventos da lona”, p. 113) Escapar do tempo, rasante, de céu embaixo e superfícies tagarelas que só fazem medrar o fim e o impasse: A morte da música pode ser lisa entre o início de um verão / e a direção que faz o silêncio. A surdez levanta a imagem / que a sombra distraidamente enterrara a cinco / palmos do chão. Para o coração se salvam as gaivotas / que levaram os mares para bem perto do sol que se despe (...) (Sem título, p. 58, de Adriano Botelho de Vasconcellos). Assim, a poesia será “aquele ofício perdido que toda geração deve reaprender, buscando na memória de um longínquo Éden.”: de sobras de esquecimento / e / de flocos de desassossego / se tece a rede da memória (...) (Sem título, p. 65, de Arlindo Barbeitos).Ovi-Sungo, que significa (conforme nota do livro) “palavra do umbundu, língua falada da província de Benguela até o planalto interior angolano que significa ‘cantos, cânticos’”, desdobrando para “‘ovi’ designativo plural de ‘sungo’, ou canção”, sugere a rica tradição oral angolana na qual a poesia tradicional aparece ligada ao canto, mas ligada de modo inseparável, esqueleto e carne. Em se tratando de etnopoesia, as culturas africanas apresentam seus poetas, desde sempre. O ouvido atento à poesia oral faz a diferença em poetas como Conceição Cristóvão, Cristóvão Neto e David Mestre, para ficarmos apenas com esses três. Conceição Cristóvão é o que mais nos oferece amostragens de etnopoesia: ...cavo a terra forjo o ferro faço o pão. / quando quero, sempre quero! / mesmo quando os makixi sangram pelo sexo. / e nos seios mirrados eivados / trazem o quente sabor da bílis. / dos dias sem chuva... (Antes da orgia, p. 82). Em nota explica-se que makixi (ou akixi, plural de mukixi, em kimbumdu) é uma figura mítica do meio rural, semelhante a um espantalho, e tem papel importantíssimo nos ritos de iniciação em muitas regiões do continente africano. O segundo, Cristóvão Neto, nesta seleção, traz referências a danças e instrumentos musicais originários da cultura popular angolana, como neste em que coloca o instrumento de percussão “kissanje” no centro de sua operação poética: Chove ainda, meu kissanje / Sobre a vidraça deste afogo / Como uma metafísica de insônias! // Sou qualquer lugar neste congresso de salmos! (Este kissanje que arroja salmos, p. 97). O terceiro, David Mestre, destacaria como exemplificação de uma poesia miscigenada de mitologias, feito este “Nagaieta de beiço”: Cantarei / as tuas coxas / entre (o pano) abertas o clamor / da // minha língua (em guarda). // O oiro / o mel / o silêncio cúmplice // a arca da tua boca / magra // Por que ardem as fontes / no auge / da alegria? // Eros (em chamas) ousasse / gota / a / gota / um rumor / de cal / aflita // Tu tem ngaieta de beiço / morro damor lá (p. 103). A antologia informa que “ngaieta” é uma corruptela luandense de gaita.Por mais que sejam operações próximas do conceito que António Risério classificou como “mitografismo”, ou seja, “semanticismo” um pouco ingênuo de transferência idiomática de conteúdos, devemos, no entanto, prestar atenção que tais operações partem da mesma cultura para “dentro” dela mesma. Do ponto de vista geopolítico, os sujeitos dessas confluências semânticas são poetas pertencentes a países periféricos, descentralizados, e, portanto, de fora do eixo europeu dominante. Esse deslocamento já apresenta novidade suficiente para circunscrever alguns momentos de invenção da poesia contemporânea mundial. São poetas que estão no mapa de um Jean-Joseph Rabearivelo (de Madagascar), que escreveu na língua do colonizador (no caso, o francês), mas que soube ouvir os cantos de sua cultura e produziu uma poesia extremamente original e dialogante com as ideias de “recuperação” da vanguarda mundial, assinaladas por Jerome Rothenberg, por exemplo.Os poemas que chamam para si uma elaboração na linguagem, salvo dizer que toda poesia deve trazer tal elaboração, o que não é diferente nesta antologia, mas, a dedo, podemos destacar a concreção da dicção de José Luís Mendonça, cuja materialidade aparece em seu vocabulário, sugerindo imagens instigantes e ousadas: Ó mãe dos gafanhotos / sentados na lavra da boca deserta: / quantos comboios pariu a tua fome / sobre tijolos gravados ao corte da língua? / O abecê do tempo sangra no pilão / e a chuva de Abril nos cafeeiros / é a mulher kilombo, dizem / morreu um leão no fogo do teu ventre / onde caminhei de animais na mão. (Um canto para Mussuemba, p. 154). Na mesma linha, Lopito Feijoó, cuja operação com equações quase matemáticas ocasiona o estranhamento necessário de toda poesia que se propõe pensar a própria linguagem, compartilhando interesses da vanguarda, especialmente os efeitos gráficos: 1 – Variável S: / Tanto tempo são todos os dias de manhã / a tarde e a noite no SUL quando chove. // 2 – Variável C: / São todos os tempos no CENTRO de todos / os dias e deste tema por (a)bordar... // 3 - Variável N: / (e porque) / são todos os tempos de colheita se a / ironia ancestral da vida troveja sobre / o sempre também NORTE da humanidade? (Sistema de equação tridimensional dum mistério a desvendar, p. 161). Na mesma ascendência experimental da antologia, certamente está a poesia de João Maimona. Nos limites de poesia e prosa, sem fazer uso de títulos, limítrofes de gêneros e outras demarcações de campos, seu fluxo textual ora devorante ora giratório, encarna a dicção neo-barroca em alta voltagem: o sentido do regresso e a alma do barco. / antes que o mar anuncie a sua existência / os capitães transfigurados trespassam a / linha do amor. as noites evasivas de / passageiros castigam as raparigas / de saias amarelas. assim se mostravam / as horas selváticas que destapavam / os enigmas da navegação crepuscular. / inicia-se uma peregrinação. os anjos / enviam mensagens para as raparigas / de olhos castanhos. / arrogantes eram os homens que / saudavam o barco. (sem título, p. 124).Ovi-Sungo traz ainda um glossário elucidativo das palavras de línguas originárias, dois bons ensaios complementares feitos por Carmem Lúcia Tindó Ribeiro Secco e Francisco Manuel Antunes Soares, que, somados aos poemas, colocam-nos a par da poesia de Angola, nação que está tão longe e tão perto.
(in Jornal de Angola)

* é poeta e tradutor. Autor dos livros de poesia Cinemaginário (1999), Tortografia, em parceria com Eliana Borges (2003), Corpo sutil (2005) – todos publicados pela Editora Iluminuras. Na área de poesia sonora, lançou o CD Ladrão de fogo (2001, Medusa) e o livro-disco Sonorizador (Iluminuras, 2007). Organizou a antologia de poesia Outras praias / Other Shores (Iluminuras, 1997). Criou em parceria com a artista plástica Eliana Borges as revistas de poesia e arte Medusa (1998-2000) e Oroboro (2004-2006). Com Joca Wolff, traduziu o livro-poema aA Momento de simetria (Medusa, 2005) e a coletânea Máscara âmbar (Lumme, 2008), de Arturo Carrera. Em 2009, seus livros Cinemaginário e Corpo sutil serão lançados em Portugal, em um único volume intitulado Amphibia, pela editora Cosmorama.

Fonte: Bimbe: http://bimbe.blogs.sapo.pt/tag/cultura
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

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um por do sol...
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...movido a gás
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23 de Novembro de 2008, 23:00 h

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Lenine apresenta 'Labiata' em Curitiba

Com a turnê do álbum Labiata, o cantor apresenta a mistura de estilos que compõem o trabalho inédito, gravado em parceria com grandes nomes da música brasileira.

Os fãs já podem começar a pedir as músicas do bis por e-mail. Após seis anos longe dos estúdios, Lenine traz a Curitiba seu novo álbum, Labiata. O cantor escolheu o nome de uma das mais famosas espécies de orquídeas para batizar o trabalho inédito, que apresenta dia 10 de dezembro no Teatro Guaíra.

A apresentação tem uma novidade para a hora do bis: os fãs já podem começar a votar nas músicas que querem ouvir no momento em que o cantor retornar ao palco. Basta enviar um e-mail para producaolenine@gmail.com com o nome da música que gostaria de incluir no set list. No título da mensagem, o nome da cidade e a palavra bis, por exemplo: “Curitiba - Bis”.

O disco, com onze canções inéditas, é 100% autoral e tem a participação especial de alguns dos parceiros mais habituais do artista, como Bráulio Tavares, Lula Queiroga, Dudu Falcão, Ivan Santos, Paulo César Pinheiro, Carlos Rennó e Arnaldo Antunes. O álbum registra também sua primeira parceria com Chico Science, em Samba e Leveza.

A flor Labiata, com ampla variedade de cores, se adapta bem a qualquer região, tanto no nível do mar como a dois mil metros de altitude, tal qual a obra de Lenine, regional, pop, rock, samba, eletrônica, pessoal e universal. O cantor muda para se manter o mesmo.

Desde “Baque Solto”, de 1983, até esse novo disco, a trajetória é repleta de interseções que podem apontar para novos caminhos ou simplesmente para formas diversas de se chegar ao mesmo ponto. Diferente dos trabalhos anteriores de Lenine, para gravar Labiata o cantor entrou no estúdio sem nenhuma das músicas pronta. Elas foram criadas durante o processo de gravação. “Geralmente, quando você começa a fazer um disco, já tem um pedaço dele pronto. Nesse, por uma conjugação de falta de tempo e por querer testar esse frescor de compor e gravar, fui fazendo assim: criava a música de noite e no outro dia ia para o estúdio”, explica.

SERVIÇO
Lenine no show Labiata Local: Teatro Guaíra, Curitiba
Data: 10 de dezembro
Horário: 21h
Ingressos: R$ 40 (Desconto de 20% para portadores do Cartão Teatro Guaira) À venda na bilheteria do Teatro Guaíra, das 12 às 21 h

Fonte: Sandra Solda, jornalista - Literal Link

Show Zimba 10/12

ENCONTRO COM EUGENIO BARBA E JULIA VARLEY EM FLORIPA

Demais Informações com Éder Sumariva Rodrigues [sumariva_rodrigues@yahoo.com.br]