por Gregory Haertel, sexta, 17 de junho de 2011 às 16:40
"Bom, já faz tanto tempo que é difícil lembrar dos fatos em sua exatidão. Quando me esforço para recordar, lembro que era um fim de tarde, quase começo de noite, e que havia um grupo armado com panelas e vozes em frente ao prédio da Fundação Cultural. O grupo que lá se encontrava não era um grupo enorme, desses de fechar avenidas. Também não era um grupo de amigos (recordo-me que houve brigas e discussões entre os membros que ali estavam). Tampouco eram as afinidades artísticas o que unia aquelas pessoas. A única coisa que fazia com que aquelas pessoas estivessem ali, naquele local, naquela hora, era o descontentamento que já vinha de muito com os rumos que a administração da Fundação Cultural vinha tomando e, principalmente, a vontade de que, a partir da manifestação que se instaurava, tivesse início um processo de mudança que culminasse em uma nova forma de se enxergar a arte nesta cidade. Um processo de mudança realmente aconteceu. E muita coisa mudou. Para pior.
Quando a reunião (algumas vezes adiada) começou, eu já não estava mais ali. Saí porque tinha algum outro compromisso (que não recordo), mas saí tranqüilo. Muito tranqüilo. Saí tranqüilo porque participariam da reunião pessoas em quem eu confiava plenamente, no caráter e nas opiniões. Pessoas, entre outras, como Pépe Sedrez, grande amigo meu e uma das pessoas mais sensatas em termos de posicionamento político que eu conheço. Pessoas, entre outras, como Márcio Cubiak, de quem sempre admirei o espírito combativo e o embasamento das argumentações. E pessoas, entre outras, como Aline Assumpção, artista que nunca se negou a participar das lutas pelas coisas em que acredita e que, na época, Conselheira Municipal de Cultura, também não se furtou a participar da luta em que todos que ali estávamos (e muitos que não compareceram) acreditávamos. Eu saí do pátio da Fundação Cultural tranqüilo por saber que estaria, naquela reunião, bem representado. Eu saí do pátio da Fundação Cultural de Blumenau naquele fim de tarde, quase começo de noite, tranqüilo por saber que as vozes que se ergueriam durante a reunião seriam o eco das panelas que eu tinha ajudado a agitar um pouco antes, em plena rua XV de Novembro. E eu saí de lá, do pátio da Fundação Cultural de Blumenau, para ir não me recordo para onde, por saber que, em um processo democrático, a minha voz, erguida pela garganta de outros, seria ouvida. Mas a minha voz não foi. A minha voz, representada pela voz de outros, foi legalmente calada. E o processo de mudança, tão almejado, teve início. Pelo avesso.
De lá para cá, uma Conselheira Municipal de Cultura (Aline Assumpção) foi processada por, no exercício da função de me representar, ter tido uma palavra sua interpretada como ofensa pessoal pela mandatária da Fundação, e dois Conselheiros (os acima citados Márcio Cubiak e Aline Assumpção), depois de diversas decepções e incômodos, pediram a exoneração de suas funções. A minha voz, aquela que saiu tranqüila do pátio da Fundação Cultural de Blumenau naquele quase começo de noite, hoje se sente mais fraca. Muito mais fraca. Tão fraca que eu quase duvido que, enquanto escrevo, a minha voz consiga falar. Tento. Sai baixo. Bem baixo. Tão baixo que quase não escuto. Mas me acalmo. Mesmo baixo, muito baixo, a minha voz ainda teima em falar".
Quando a reunião (algumas vezes adiada) começou, eu já não estava mais ali. Saí porque tinha algum outro compromisso (que não recordo), mas saí tranqüilo. Muito tranqüilo. Saí tranqüilo porque participariam da reunião pessoas em quem eu confiava plenamente, no caráter e nas opiniões. Pessoas, entre outras, como Pépe Sedrez, grande amigo meu e uma das pessoas mais sensatas em termos de posicionamento político que eu conheço. Pessoas, entre outras, como Márcio Cubiak, de quem sempre admirei o espírito combativo e o embasamento das argumentações. E pessoas, entre outras, como Aline Assumpção, artista que nunca se negou a participar das lutas pelas coisas em que acredita e que, na época, Conselheira Municipal de Cultura, também não se furtou a participar da luta em que todos que ali estávamos (e muitos que não compareceram) acreditávamos. Eu saí do pátio da Fundação Cultural tranqüilo por saber que estaria, naquela reunião, bem representado. Eu saí do pátio da Fundação Cultural de Blumenau naquele fim de tarde, quase começo de noite, tranqüilo por saber que as vozes que se ergueriam durante a reunião seriam o eco das panelas que eu tinha ajudado a agitar um pouco antes, em plena rua XV de Novembro. E eu saí de lá, do pátio da Fundação Cultural de Blumenau, para ir não me recordo para onde, por saber que, em um processo democrático, a minha voz, erguida pela garganta de outros, seria ouvida. Mas a minha voz não foi. A minha voz, representada pela voz de outros, foi legalmente calada. E o processo de mudança, tão almejado, teve início. Pelo avesso.
De lá para cá, uma Conselheira Municipal de Cultura (Aline Assumpção) foi processada por, no exercício da função de me representar, ter tido uma palavra sua interpretada como ofensa pessoal pela mandatária da Fundação, e dois Conselheiros (os acima citados Márcio Cubiak e Aline Assumpção), depois de diversas decepções e incômodos, pediram a exoneração de suas funções. A minha voz, aquela que saiu tranqüila do pátio da Fundação Cultural de Blumenau naquele quase começo de noite, hoje se sente mais fraca. Muito mais fraca. Tão fraca que eu quase duvido que, enquanto escrevo, a minha voz consiga falar. Tento. Sai baixo. Bem baixo. Tão baixo que quase não escuto. Mas me acalmo. Mesmo baixo, muito baixo, a minha voz ainda teima em falar".
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