quarta-feira, 22 de junho de 2011

Bancarrota cultural

Jornal de Santa Catarina. 22/06/2011 | N° 12287

ARTIGO

Bancarrota cultural

Por Viegas Fernandes da Costa.

Tornou-se inadmissível e bizarra a situação alcançada por Blumenau no que diz respeito à gestão cultural. Não bastasse o desmonte de parte das atividades culturais ocorrido nestes últimos três anos (extinção das oficinas culturais, queda do telhado da Escola de Artes, fechamento do Museu Fritz Müller, inoperância da editora Cultura em Movimento etc), e o reconhecimento público de Marlene Schlindwein por sua falta de experiência no que diz respeito à economia criativa, agora a sociedade é informada de que uma conselheira municipal de Cultura, eleita por seus pares, é processada por desacato pela presidente da Fundação Cultural.

Não importa se Marlene Schlindwein alega que retirou o processo, mais tarde. Interessa que o processo foi aberto, e Marlene recorreu a um dispositivo próprio do coronelismo, impondo censura a uma ativista cultural legitimada pela classe artístico-cultural através de eleição democrática na Conferência Municipal de Cultural. Despreparo e autoritarismo são os adjetivos mais brandos que consigo atribuir à presidente da Fundação Cultural de Blumenau. Seu gesto é grave e abre um precedente perigoso porque estabelece uma política da mordaça, quando na realidade precisamos de uma política cultural efetiva e plural.

A responsabilidade por este caos na gestão cultural municipal é daqueles que indicaram Marlene Schlindwein para o cargo, a saber, o PMDB (seu partido) e o prefeito João Paulo Kleinübing. Vale lembrar que há anos não ocorre concurso público para a Fundação Cultural e que grande número de cargos são preenchidos por pessoas sem habilitação, atendendo apenas aos interesses políticos de ocasião.

O que se espera agora é que o Executivo municipal se pronuncie a respeito da bancarrota cultural em Blumenau e da ausência de uma política pública para a área. Já de Marlene Schlindwein espera-se que deixe o cargo de presidente da Fundação Cultural. Afinal, o autoritarismo de seu gesto insensato retirou-lhe o pouco da autoridade que o cargo ainda lhe conferia.

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