quarta-feira, 22 de junho de 2011

Marlene, o escudo

Jornal de Santa Catarina. 21/06/2011 | N° 12286

Por MAICON TENFEN

Marlene, o escudo
  • A Dona Marlene Schlindwein não cansa de nos surpreender. Primeiro, ao assumir a presidência da Fundação Cultural de Blumenau, admitiu na cara-dura que sua indicação era fruto de um acordo oportunista entre o DEM e o PMDB. Depois, atestando sua incapacidade para o gerenciamento público, cometeu gafes e mais gafes perante a comunidade, inclusive “colando” da Wikipédia as respostas sobre a evolução do Salão Elke Hering que deu numa entrevista ao Santa.

    E agora, para completar o quadro do desastre, abriu um processo judicial contra um membro do Conselho Municipal de Cultura que cometeu o “desacato” de cumprir sua tarefa e questionar certos procedimentos administrativos. Ou chegamos ao tempo em que perguntar ofende, ou o processo se tornou o único argumento contra críticas que tinham, sim, procedência. Mas não pense o leitor que vou me limitar a “descer a lenha” na Dona Marlene e deixar a história terminar num descarregozinho de indignação, até porque, convenhamos, foi para isso mesmo, para levar pedradas, que ela foi empossada. Sem dinheiro, sem estrutura, sem ideias e sem competência para o cargo, restou à Dona Marlene a função de dublê, absorvendo para si as críticas endereçadas a um problema muito maior que os tropeços de uma gestão: a ausência de políticas culturais sérias. Somada aos ataques que recebe, a pouca habilidade diplomática da Dona Marlene só consegue piorar as coisas, daí os tiques autoritários que findaram nessa história ridícula do processo judicial.

    Por essas e outras (muitas outras), é difícil entender por que ela ainda não deixou o cargo. Alguns dirão que lhe falta visão, outros que lhe sobra masoquismo, mas a única resposta que me ocorre, e digo isso sem a menor ironia, é que ela aceitou o papel de mártir para salvar o governo e a reputação dos homens que a nomearam: o prefeito João Paulo Kleinübing e o vice-prefeito Rufinus Seibt. O primeiro é do DEM e o segundo é do PMDB, mas isso é dizer o óbvio sobre o acordão citado acima. Então vamos tentar de novo: o primeiro é historiador e o segundo é músico. Com essa bagagem, como é possível que estejam tratando a pasta da cultura com tanto descaso e irresponsabilidade?

    Diante de tudo o que está acontecendo, solicito que o prefeito e o vice-prefeito – os verdadeiros responsáveis pela situação – tenham a hombridade de tomar uma atitude ou pelo menos se pronunciar sobre a PÉSSIMA política cultural do município. Por enquanto, estão se escondendo atrás de um escudo chamado Marlene.

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