sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Conferência de Cultura e a FURB

Amigos, segue abaixo comunicação que fiz na reunião plenária do Conselho de Administração (CONSAD) e do Conselho Universitário (CONSUNI) da FURB no dia 08/10/09. A comunicação foi de cunho pessoal e na qualidade de Conselheiro do CONSUNI. Assim, não falei em nome da Conferência (isto quem o fará serão os ANAIS). Procurei apenas levar à plenária, instância deliberativa máxima da FURB, os anseios representados na Conferência, com o objetivo de sensibilizar os demais Conselheiros, bem como o Gabinete da Reitoria, para as diretrizes apontadas pelos artistas e produtores locais reunidos na 4ª Conferência Municipal de Cultura.
Abraço a todos,
Viegas
Comunicação pessoal à plenária conjunta CONSUNI / CONSAD
Nos dias 25 e 26 de setembro aconteceu, no auditório da nossa Biblioteca Universitária, a 4ª Conferência Municipal de Cultura de Blumenau, evento que reuniu grande número de artistas e pessoas envolvidas com a produção cultural blumenauense e a qual este Conselheiro se fez presente. O encontro serviu de preparação para a 2ª Conferência Nacional de Cultura, bem como elegeu delegados para a conferência estadual e os representantes da classe artística para o Conselho Municipal de Cultura.
A Conferência era ansiosamente aguardada pelos artistas e produtores culturais, principalmente em face dos debates a respeito da gestão cultural municipal, ocorridos este ano, e da ausência de eventos importantes, como o Festival Universitário de Teatro de Blumenau. Há muito que os investimentos em produção e distribuição dos bens culturais em nossa cidade vêm sofrendo com o descaso do poder público municipal e a crítica tornou-se ainda mais contundente nos últimos meses, após declarações da presidente da Fundação Cultural à imprensa local e da não atualização dos valores repassados ao Fundo Municipal de Cultura, principal estratégia de financiamento da produção artístico-cultural blumenauense. Devemos considerar ainda a participação do Reitor, Professor Eduardo Deschamps, em mesa redonda que integrou o Festival Nosso Inverno (02 de agosto do corrente ano), oportunidade em que a Universidade foi questionada a respeito da não realização do Festival Internacional Universitário de Teatro, bem como sobre sua política cultural e a desarticulação da Divisão de Promoções Culturais (DPC). A manifestação do Senhor Reitor permitiu à comunidade artístico-cultural presente entender que constatou-se equivocada a decisão de suprimir a DPC, bem como a possibilidade da atual Gestão rever tal posicionamento.
Os debates e questões levantados na 4ª conferência mostraram o quanto Blumenau carece de políticas públicas para a cultura e a distância que nos separa de municípios como Joinville, Itajaí e Jaraguá do Sul, cidades cujos investimentos e estratégias encontram-se muito mais avançados. A Conferência apontou também diretrizes para a política cultural local. Dentre estas destacam-se o investimento cultural para a promoção da cidadania plena, o pleno reconhecimento da diversidade cultural e identidária (modificando-se o atual modelo, que privilegia os investimentos na construção do germanismo), a ampliação dos recursos repassados ao Fundo Municipal de Cultura e a transformação do Conselho Municipal de Cultura em instância deliberativa.
No que tange diretamente à FURB, a Conferência demonstrou a preocupação da sociedade civil para com as políticas culturais implementadas na/e a partir da Universidade. Diferentemente daquilo que pudemos inferir do senso comum, produtores culturais e artistas estão atentos ao que acontece na FURB, consideram-se partícipes de sua realidade e reivindicam maior engajamento institucional desta IES com a realidade artística e cultural de Blumenau.
A Plenária da 4ª Conferência Municipal de Cultura apontou a necessidade da Universidade se inserir enquanto pólo de criação, pesquisa, discussão, fomento e disponibilização de bens artístico-culturais; questionou o desmantelamento da DPC e pediu a criação de um órgão específico para pensar e promover políticas culturais no âmbito da FURB; reivindicou a realização do Festival Internacional Universitário de Teatro em periodicidade anual já a partir de 2010; defendeu o investimento público nos cursos de licenciatura e bacharelado que formam profissionais voltados ao ensino, pensar e produção artístico-cultural e apontou a necessidade da FURB ampliar e promover seus espaços de promoção artística. Emblemática a observação de alguns conferencistas, que afirmaram que em Blumenau há mais espaço para exposições de arte nos bares do que nos salões e halls da FURB.
Importantíssimo, também, o posicionamento claro dos artistas e promotores culturais reunidos nesta Conferência em defesa da urgente implantação da Universidade Federal de Blumenau, e a reivindicação para que o patrimônio físico, intelectual e humano da FURB seja considerado e incorporado a esta Universidade Federal.
Considerando o caráter público e comunitário da FURB, conclamo este Conselho Universitário, bem como aos gestores desta Instituição, que considerem as deliberações desta 4ª Conferência Municipal de Cultura, principalmente naquilo que toca diretamente à FURB. Tais deliberações estarão brevemente socializadas através dos Anais do evento, a serem publicados pelo Conselho Municipal de Cultura.
Enquanto Universidade, enquanto Instituição Pública, enquanto espaço democrático de fomento ao debate e à plena realização humana, enquanto patrimônio comunitário da sociedade que ajudou (a ajuda diariamente) a construir a FURB desde 1964, não nos cumprem ouvidos moucos, mas sim atentos àquilo que clama a sociedade a quem devemos prestar contas e a quem significamos nossa existência e relevância.
Que este Conselho possa reconhecer a legitimidade das deliberações desta 4ª Conferência Municipal de Cultura, e que nossa Administração Superior possa se sensibilizar para a necessidade do fomento à produção e distribuição dos bens culturais como estratégia fundamental para a promoção do desenvolvimento sustentável e para a plena realização humana.

Viegas Fernandes da Costa
Conselheiro do CONSUNI

4 comentários:

Anônimo disse...

Camaradinha,

A FURB sem vergonha nenhuma anda se nivelando a partir da precariedade laboral de uma IES qualquer, dessas que surgem aos montes, todo ano, em qualquer lugar que tenha mercado consumidor.

Pelo que tenho entendido, em especial pelas mensagens emitidas pela atual Reitoria que, desavergonhadamente, a FURB coloca o pesquisa e a extensão na categoria 'despesas'.

Cabeças de planilhas dirigem a Universidade, que breve orgulhará a todos os demais cabeças de planilhas similares. Já imagino 'cases' e mais 'cases' propalados monstrando essa fabulosa experiência, o Centro Universitário Regional de Blumenau, com mensalidades acessiveis, salas de aula climatizadas e belas notas de avaliação.

Um referência no ensino. Só no ensino. De Universidade, com seu tripé delicioso, para uma mass-production de alunos e canudos.

A relação com a comunidade que a abriga é inseparável da missão de uma Universidade. Creio que os dirigentes da FURB acham pesado demais este modelo.

Este modelo desejado é o que limita minhas obrigações com a comunidade apenas na hora de compor campanhas publicitárias. A comunidade que me procure. E de preferência, pague e não venha com um papo estranho sobre diversidade, construção de conhecimento, cidadania e desenvolvimento.

Pessoas que representam este ideal são incompatíveis com a pluralidade, a necessidade de compor uma nova democracia, com a intelectualidade e com o reconhecimento identitário.

Pessoas com este ideal trazem tempos sombrios versados e chorados em inúmeras distopias e preivsões.

Márcio Cubiak disse...

Camaradinha,

A FURB sem vergonha nenhuma anda se nivelando a partir da precariedade laboral de uma IES qualquer, dessas que surgem aos montes, todo ano, em qualquer lugar que tenha mercado consumidor.

Pelo que tenho entendido, em especial pelas mensagens emitidas pela atual Reitoria que, desavergonhadamente, a FURB coloca o pesquisa e a extensão na categoria 'despesas'.

Cabeças de planilhas dirigem a Universidade, que breve orgulhará a todos os demais cabeças de planilhas similares. Já imagino 'cases' e mais 'cases' propalados monstrando essa fabulosa experiência, o Centro Universitário Regional de Blumenau, com mensalidades acessiveis, salas de aula climatizadas e belas notas de avaliação.

Um referência no ensino. Só no ensino. De Universidade, com seu tripé delicioso, para uma mass-production de alunos e canudos.

A relação com a comunidade que a abriga é inseparável da missão de uma Universidade. Creio que os dirigentes da FURB acham pesado demais este modelo.

Este modelo desejado é o que limita minhas obrigações com a comunidade apenas na hora de compor campanhas publicitárias. A comunidade que me procure. E de preferência, pague e não venha com um papo estranho sobre diversidade, construção de conhecimento, cidadania e desenvolvimento.

Pessoas que representam este ideal são incompatíveis com a pluralidade, a necessidade de compor uma nova democracia, com a intelectualidade e com o reconhecimento identitário.

Pessoas com este ideal trazem tempos sombrios versados e chorados em inúmeras distopias e preivsões.

viegas disse...

Márcio, concordo com tua crítica. Entretanto, deve-se defender sempre, e principalmente por isto que dizes em tue post, o caráter público e universitário da FURB. A Furb e sua construção enquanto universidade é uma conquista da comunidade, e como tal deve ser percebida. Daí a pressão, vigilância e ocupação que a sociedade deve permanente imprimir a ela. Se perdermos esta dimensão, então sim, prederemos o pouco que nos resta.
Abraço forte e fraterno,
Viegas

Ali Assumpção disse...

Assino embaixo do q dizem o marcio e o viegas.
Tive o privilégio de estudar em duas universidades federais onde cursei ensino técnico e a graduação) e digo, e afirmo, universidade não existe sem pesquisa e extensão, sem caráter público e relação com a comunidade.
Infelizmente, senti o contraste quando trabalhei na furb e quando cursei ali minha especialização: existe um abismo (e que se amplia diariamente) entre a Furb e o conceito de UNIVERSIDADE.