quinta-feira, 22 de outubro de 2009

eigenmächtig

Hoje a jornalista Isabela Kiesel traz um assunto que não poderia deixar passar assim assado: uma versão, bem plausível, para o cancelamento do último desfile da edição 2009 da Oktoberfest. A manifestação dos ainda-desabrigados de novembro de 2008.

Que Blumenau tem um viés e um pezinho no autoritarismo isso é bastante claro para todos, inclusive para os autoritários, que praticam seus poderes sabendo aonde querem chegar (quer dizer, eles não são autoritários porque são idealistas ao contrário, sonhadores inocentes, mas praticam o autoritarismo conscientemente, sabendo das dores e das delícias advindas daí).

Ou seja, Isabela, é consciência e estratégia!

Podemos ver isso pela maneira de resolver problemas: criminalizando, como no caso das bebidas em praças públicas, ou no toque de recolher/acolher.

Vai fazer um ano da catástrofe humana e ambiental de novembro de 2008. A cidade recebeu recursos para a normalização do cotidiano, mas o que acontece é que tudo vai cicatrizando (como bem metaforizou o Vereador Vanderlei) enquanto o caos daqueles dias ainda continua: ruas semi-interditadas, encostas ainda mais fragilizadas, ocupação irregular continuando e desabrigados ainda desabrigados.

A estratégia dos komandantes públicos municipais é fazer com que os desabrigados agonizem tanto que resolvam voltar para suas terras ou tentar a sorte noutra. É uma espécie de limpeza urbana, outra ação altamente desejada pelos nossos autoritários locais para a cidade. Em Blumenau são bem vindos aqueles que seguem as suas regras de comunidade e, preferencialmente, que façam, ao menos, parte da classe média C, aqueles que ganham entre mil e quatro mil reais. Bonito, Né?

Mas eu trouxe o assunto porque tenho sardinha no almoço, recém tirada da lata: quando artistas e produtores culturais passaram a se movimentar mais articuladamente, sem essa história do cada qual em seu quadrado, rolou a pecha de barraqueiros e brigões.

Mas o pior não é isso: o mais baixo dos argumentos é aquele dos desocupados que passam a vida inteira organizando protestos porque não teve a competência de ser um bem sucedido na vida.

Democracia é exercício, é práxis, não bunda no sofá.

Um comentário:

Ali Assumpção disse...

é exatamente a mesma questão q levantamos na conferência: o q fazer p ser ouvido, nos jogamos da ponte? pelados?
vem vereador dizer q a sociedade não os procura...bah! estamos cansados de procurar e questionar, e debater e reclamar - mas eles estão ali impassíveis, veja a fundação cultural e td q se sucedeu neste ano. assim tem sido em todas as áreas deste governo. a prefeitura prefere sair pela tangente.
É chuva q atrapalha desfile, é enchente q justifica falta de $ p tudo, é greve dos correios q atrasa salão elke hering ...
e por aí vai,
e a gente continua falando com as paredes...