segunda-feira, 7 de setembro de 2009

o servidor público inútil

As demandas da classe artística blumenauense necessitam do aval do executivo municipal que vive tempos “brochados”, sem criatividade, perdido, com a pouca energia que sobra em articulações internas voltadas para a eleição de 2012. O DEM tece críticas ao Governo Federal por supostos aparelhamentos. Onde governa, faz pior. Pode ?

É praxe, na política brasileira e mundial, a existência de cargos comissionados, indicados pelo chefe do executivo. No Brasil, eles estão presentes nas esferas federal, estaduais e municipais. Estão, também, nas empresas estatais, no legislativo e no judiciário. São chamados de cargos de confiança. Eu já fui cargo de confiança, no município de Indaial/SC, entre os anos de 2001 e 2006.

É possível, como exercício intelectual, dizer que a nomeação/indicação política tenha prós e muitos contras. Mas na prática, a indicação política tem abandonado o uso de critérios técnicos, permitindo o surgimento do servidor público inútil, aquele que, em virtude de determinado arranjo de força na época de eleições, é retribuído por serviços prestados. O servidor público inútil é aquele que preenche um cargo e vai passar para a história como desnecessário: tanto faz quanto tanto fez.

No que se refere as políticas culturais, todo o foco da classe artística está voltado para Marlene, presidente da Fundação Cultural. No início de sua administração, Marlene “saiu do armário”, dizendo que era nomeada pelos serviços prestados enquanto candidata a vereadora. Todos ficaram ruborizados. Nosso moralismo udenista ficou ouriçado, direcionamos nosso descontentamento nela. Erramos o alvo.

Quero chamar a atenção de que este é um problema criado pelo executivo municipal, antidemocrático, que não ouviu ninguém, a não ser os “capas” políticos.

É ele, o prefeito eleito, que participa das deliberações entre os partidos para a divisão dos cargos e nomear quem fica com qual secretaria. É ele quem recebe os currículos e dá aval para os mesmo. Se a Sra. Marlene vai passar pela história blumenauense como um “um tanto faz, quanto tanto fez”, a raiz da erva daninha está no sistema político que impera nesse país, mas está principalmente no governo João Paulo Kleinubing (JPK), que assumiu para si o pior do fisiologismo.

Minha impressão de que o prefeito tem mais a dizer e fazer que várias Marlene juntas foi reforçada essa semana com a análise de toda a legislação municipal que regulamenta a Fundação Cultural, os conselhos municipais, a estrutura administrativa dos órgãos e o Fundo de Cultura. Não basta Marlene se esforçar: quem dá a última palavra é o prefeito. E ele já vem dando há 06 anos.

Somente o prefeito pode encaminhar alterações em conselhos municipais e nas matérias que dizem respeito a FCBlu e Fundo de Cultura. Em conversa com o vereador Vanderlei de Oliveira, por exemplo, ele comenta acerca de vários requerimentos solicitados a partir das articulações da ex-presidente do Conselho, Sra. Rosane Martins. O executivo não atendeu nenhum.

O governo JPK não tem intenção alguma de transformar as áreas artística e cultural em estratégias de desenvolvimento do “tipo novo” para a cidade. Sua “grande obra” foi destinar recursos para o Fundo, numa espécie de “cala-boca” aos artistas. Mais do que isso é inviabilizar apoios aos empresários e comerciantes e deixar os jardins sem flores e as folhas das árvores no chão.

Expandir, ampliar e fortalecer o segmento artístico-cultural, gerando renda para artistas e a sociedade, numa política articulada com a educação, disposta a fomentar o pensamento e a intelectualidade das pessoas não é prosposta deste governo JPK. Suas políticas públicas estão perdidas num labirinto de partidos políticos sem compromissos com a sociedade como um todo.

Infelizmente, a última década foi um período marcado pelo “tanto faz quanto tanto fez” na política cultural blumenauense. Até quando sem estratégias e um plano vigoroso para a área?´

http://libidinagens.wordpress.com/

4 comentários:

viegas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
viegas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
viegas disse...

Márcio, importantíssima esta tua provocação ao debate (torço para que este ocorra), e gostaria de contribuir com algumas reflexões.
Tens razão quando dizes que erramos o alvo ao potencializarmos a Marlene. De fato. Na realidade, a estrutura vai muito além da Marlene (o mesmo vale para a audiência pública chamada pelo Tribess, vereador do PMDB, mesmo partido da Marlene e base de sustentação do governo; alguém acredita que sai coelho dessa cartola?). Já disse uma vez; Marlene pecou por sua ignorância: não lhe disseram que ao demagogo é vedado dizer a verdade. E nós, artistas, magoamo-nos ao ouvir esta verdade tão escancaradamente. Também compactuamos com este simulacro, até porque, o que importa em toda a nossa hipocrisia, é que meu projeto seja apoiado pelo poder público, que meu nome seja divulgado na mídia, que futuramente eu e meu grupo sejamos beneficiados com algum cargo público de confiança. Então vem a segunda questão, a que vai além. Quando da administração do PT não sei se as coisas estavam melhores, talvez iguais, talvez diferentes em alguns aspectos, mas o buraco está mais embaixo, está dentro de nós, e nos corrói.
Blumenau não é muito diferente da maior parte das cidades interioranas do Brasil. A maior parte dos nossos artistas não estuda, não reflete sobre o que produz e sobre o que se produz, não dialoga com outros artistas e não admite sofrer críticas - às quais respondem com violência bestial. O artista blumenauense, tal qual o artista das Bruzundangas (leiam Lima Barreto), pratica obsessivamente o onanismo coletivo, porque sabe que ao masturbar o outro será masturbado também. E o que importa é isso: gozar, fruir, aparecer na Galega, nas páginas dos jornais e ter ibope em seus blogs. Tudo é simulacro, enfim... Mas qual o sentido da nossa produção? Por que produzimos arte? Por que queremos que nossa arte seja financiada? A quem interessa o que produzo?
Eis as questões... Entretanto, estamos aí, a cada geração reinventando a roda e acreditando piamente que estamos fazendo a revolução.
Abraço fraterno,
Viegas

Ali Assumpção disse...

é. é de chorar...