Produtor (Bio)Cultural
cultura, Ecodesenvolvimento, produção cultural, produtor culturalCENÁRIO EM TRANSIÇÃO
Exponho minhas perspectiva sobre o que vem a ser a figura do produtor cultural, especialmente diante da história e do século XXI.
Apresento algumas transformações sentidas no Brasil, nos últimos 05 anos. É preciso entender que estamos presenciando um momento de transição entre a maneira de financiamento cultural, especialmente na esfera federal, mas que já é um fenômeno presente em todas as demais esferas governamentais e não-governamentais. A dependência dos micro, pequenos e médios projetos culturais em relação a Lei Rouanet vem diminuindo.
A participação destas sempre foi pequeno no quadro geral de captação. No entanto, ela era basicamente a única forma de financiamento cultural por quase 20 anos, formando uma geração inteira de pessoas que canalizaram energias para a elaboração de projetos que jamais seriam captados. Minha hipótese é que a energia está liberada, finalmente, para o mais amplo campo de produção cultural: os pontos de cultura mostram claramente isso. Energias criativas liberadas para fazer o que devem fazer!
É a vitória da articulação entre arte, cultura, ética, participação, economia solidária e ambiente natural. Se todos trabalhamos assim? Não, é o desafio preparar-se coletivamente para isso – produtores e ativistas mutuamente se formando. É o indício que o primado da Economia e dos Departamentos de Marketing têm dias contados. É o momento em que o projeto cultural pode assumir-se como processo complexo, buscando a complementaridade de financiamento em diferentes escalas, com distintos atores.
Os mecanismos de redistribuição – através de editais, fundos e prêmios permitem a manifestação de expressões culturais das mais variadas, tornando suas ações sustentáveis. diante disso, há a necessidade de articular conhecimento, ciência, desenvolvimento sustentável na elaboração do projeto/programa cultural, rompendo com certos dogmas economicistas e utilitaristas da cultura.
NOVO PERFIL DO PRODUTOR CULTURAL – PRODUTOR BIOCULTURAL. OS PEQUENOS É MÉDIOS EMPREENDIMENTOS CULTURAIS
Mesmo que um considerável número de autores defendam os princípios de gerenciamento administrativo dos pequenos e médios empreendimentos de produção cultural, a maioria deles tem levado a um caminho utilitarista e unidimensional da cultura, ora exagerando nos cuidados econômicos, ora nos administrativos.
O pequeno e médio empreendedor que quiser ter sustentabilidade, precisa incorporar, além das dimensões est(éticas): problemas socioambientais contemporâneos; diversidade, espaço público e participação; capacidade de comunicação; educação para a ciência e a tecnologia; teorias do desenvolvimento; economia solidária. O perfil do empreendedor cultural de pequeno e médio porte do século XXI apresenta-se como agente político por excelência.
O mercado, economia, administração e direito são secundários, integrado a totalidade que é o ativismo cultural. O novo perfil parte doentendimento e apreensão do contexto regional que, por sua vez, está inserido num processo histórico global. Parte da dialética entre o produzido/desejado pelo local e a inovação produzida/desejada pela diversidade global.
Assim, a produção cultural de pequeno e médio porte torna-se agente social importante para as estratégias de ecodesenvolvimento, um perfil articulador das dimensões científicas e simbólicas do mundo. Nesse sentido, o produtor cultural deve ser curioso e investigador participativo da diversidade cultural e ambiental. Sua criatividade é integrada a uma utopia por novas organizações sociais.
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