sexta-feira, 12 de março de 2010

Escolinha e casarão

Por Maicon Tenfen em sua Coluna no Santa

Por que não me surpreendo com o descaso do poder público de Blumenau em relação à Escolinha de Artes Monteiro Lobato e ao Casarão das Oficinas? Porque, óbvio ululante, o município simplesmente NÃO POSSUI política cultural. Ou, por outra, até possui no papel, mas a falta de verbas, de pessoal e de bom senso impedem que as palavras se transformem em ações.

Quando surgem problemas de logística ou infraestrutura – é o caso tanto da diminutiva “escolinha” quanto do aumentativo “casarão” – a tendência é que uma autarquia empurre o “pepino” para outra, e assim nada se resolve. Se a Vila Germânica fosse tragada por uma cratera e ficasse coberta de lama, aposto que conseguiríamos reconstruí-la até outubro. Por outro lado, quando o assunto é educação ou cultura – pelo menos quando se trata de uma cultura diferente do pseudogermanismo que nos empurram goela abaixo –, que caia o mundo e o céu, pois nada podemos além de cruzar os braços.

Faz algum tempo, comentei neste espaço a urgência de políticas culturais consistentes em qualquer sociedade. Se não me falha a memória, dei o exemplo do Rei Salomão. Depois de construir o Templo de Jerusalém, um colosso arquitetônico para a época, ele compreendeu que as pedras rapidamente se tornariam poeira. Então ordenou que escrevessem ou organizassem muitos dos livros que hoje compõem a Bíblia. Sábio governante! As Bíblias se encontram em praticamente todas as casas do Ocidente. E o Templo? Que fim levou o Templo de Jerusalém?

Aqui em Blumenau, parece que a norma é edificar os paredões da efemeridade. Só isso não basta. Também precisamos escrever a Bíblia, isto é, celebrar nossa cultura através da arte e da educação.

* * *

Felizmente, nem só de marasmo vive o trâmite cultural da cidade. Chegou em boa hora o Pequeno Álbum de Viegas Fernandes da Costa, livro que será lançado hoje à noite no Farol. Composto por 44 textos curtos – minicontos? poemas em prosa? crônicas líricas? – é o terceiro título do autor, e representa, a meu ver, o ponto alto de sua obra. Digo isso pela da intensidade do material selecionado e do quão difícil é, hoje em dia, comunicar subjetividades sem parecer piegas. Não obstante o tamanho reduzido, Pequeno Álbum não foi feito para se ler de uma só vez. É o tipo de livro que você deixa na cabeceira, para meditação noturna. Quem quiser saber mais sobre a obra e seu autor, basta acessar o meu blog.

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