Alunos vão estudar pintura, escultura, gravura, desenho e história da arte
Renato Igor, enviado especial, Itália
Até o final do ano, Santa Catarina deve ter uma filial da Academia de Belas Artes de Florença. A assinatura para formalizar o acordo aconteceu na segunda na Itália, onde o governador Luiz Henrique lidera missão internacional. O projeto-piloto será na Piazza Itália, em Joinville, no Norte do Estado.
O imóvel será alugado pelo governo estadual. A ideia é levar outras unidades da Escola Secundária de Belas Artes para mais cinco regiões catarinenses. O projeto será coordenado pelas universidades ligadas ao sistema Acafe. Alunos, prioritariamente de escolas públicas, vão estudar no contra-turno escolar, pintura, escultura, gravura, desenho e história da arte.
— Vamos copiar o modelo do Balé Bolshoi. Aqui, estudou Michelangelo e isso diz tudo. É como ter o Bolshoi da arte e da escultura no nosso Estado — disse o governador.
O projeto vai atender a estudantes de nove a 15 anos. Um edital vai formar um comitê internacional para selecionar os candidatos. A Academia de Belas Artes de Florença começou em 1480, como escola de desenho. O pintor italiano Michelangelo ingressou nela quando tinha 15 anos.
O projeto vai permitir também intercâmbio cultural com professores catarinenses, que terão aperfeiçoamento continuado. A presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Anita Pires, acredita que, pelo fato do Centro de Artes da Udesc ser de graduação, a Escola Secundária de Belas Artes de Santa Catarina vai trazer um avanço à produção artística.
— Os nossos talentos são produtos de si mesmo. Vamos ampliar a arte aos jovens — concluiu.
A professora da Universidade de Florença e coordenadora do projeto catarinense, Ambra Trotto, ressalta que a intenção é revelar talentos. Os alunos catarinenses poderão ir a Florença em projetos de intercâmbio.
— Daremos a base e a técnica e, depois, a pessoa cresce com a sua identidade regional. Não queremos uma globalização cultural — destaca a professora.
A NOTÍCIA
Proposta causa questionamentos
PREOCUPAÇÃO DE ARTISTAS É DE QUE ESCOLA ITALIANA LIMITE SEUS ENSINAMENTOS AO CLÁSSICO
A notícia da Academia de Belas-artes de Florença em Joinville empolgou a classe artística pela atenção com o segmento, mas também preocupou parte desse setor. Alguns acreditam que o ensino da arte clássica está defasado e que uma academia tende a “engessar” os alunos. Outros ainda consideram que o investimento seria mais válido se focasse nas potencialidades da região.“Precisamos parar com essa história de que tudo o que vem de fora é sempre melhor”, analisa o curador de arte Charles Narloch. A opinião dele é de que a escola não é um grande ganho para a região e não deve ser vista como vantagem. Para Narloch, o mesmo investimento seria mais significativo se aplicado na ampliação do Centro de Artes da Udesc, em programas de aquisição de acervo ou na construção do Museu de Arte Moderna Luiz Henrique Schwanke, situado em Joinville.
O videomaker e diretor da Galeria de Artes Victor Kursancew, Luiz Tirotti, também questionou o investimento e a proposta da escola. “Joinville tem um potencial muito grande, vejo isso na galeria e entre os alunos da Casa da Cultura. Mas será que vão ensinar a essas crianças algo de arte contemporânea? Que existe arte plástica em vídeo, por exemplo?”, indaga, preocupado que os alunos fiquem fechados no classicismo.
A supervalorização da antiguidade clássica na Academia de Belas-artes é a grande dúvida dos artistas locais. Tirotti afirma que hoje a arte contemporânea é vivida mais intensamente e, apesar da importância do clássico, é preciso formar o artista com a consciência de que as discussões atuais são outras. É a mesma opinião de Narloch. “Vivemos em um tempo diferente daquele vivido por Michelangelo. O poder multiplicador seria olhar para a arte da nossa época”, defende.
A NOTÍCIA
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Durante a Assembléia realizada na última quinta-feira em Florianópolis pela classe artística, foi aprovad auma moção de repúdio à iniciativa.
19 comentários:
Que ótimo!
Uma Filial da Academia de Belas Artes de Florença no Brasil aqui em Santa Catarina!!!
Isto é um desenvolvimento maravilhoso!
Repudiar a iniciativa me parece contraditório. Pedimos políticas públicas, iniciativas, fomento à arte, formação, geração de talentos. Repudiar a arte clássica em prol da contemporânea (seja lá o que define-se por isso) me parece o mesmo que repudiar a história. A primeira serve de alicerce para a segunda, além de ser um fim em si. Me parece uma iniciativa louvável (não entrando na questão de alocação de verbas de que não tenho conhecimento) se quisermos realmente um apoio e reforço à arte catarinense e ao surgimento de novos artistas — considerando, claro, que é isso que queremos; e não apenas alguma verba para os nossos próprios e pretensiosos projetos...
Ainda que pesem muitas dúvidas a respeito da viabilização da Academia de Florença e se este dinheiro poderia ou não ser melhor investido, penso que repudiar a iniciativa sob o argumento de que esta fomenta o classicismo e não o contemporâneo, é um equívoco enorme, além de se constituir num preconceito que há muito já pensei superado. Tens toda razão, Rodrigo, em tua crítica. Há de se fiscalizar para que esta Academia exerça sim sua função junto à população, principalmente a mais carente, e que os intercâmbios realmente aconteçam, de forma idônea e transparente.
Porém há um argumento válido para questionar a proposta do governo do Estado. Não há política cultural em SC, o executivo estadual não considera as deliberações das Conferências, e numa estratégia de marketing resolve trazer a marca Academia de Florença para SC. Sob esta peraspectiva, a atitude é condenável. Assim, penso que o foco do argumento de repúdio deve mudar. Não devemos ser contra a arte clássica, muito menos legarmos suas contribuições estéticas ao limbo, entretanto, não podemos vilipendiar a arte contemporânea. Há de se incentivar a pluralidade, também de expressões, como defende a própria Conferência de Cultura. Mas, enfim, o debate rende, e rende muito.
Seria importante publicar neste espaço o manifesto de repúdio.
Abraços,
Viegas.
gente, não se trata de priorizar o contemporaneo. mas de uma questão de bom senso.
quanto reais estao deixando de ser investidos - na descentralização da udesc, na construção de um espaço cultural em joinville(contemporaneo em seu conceito, no que diz respeito a acesso, espaços, acessibilidade, fomento a diversar formas de manifestação...elaborado por uma equipe competente e que está no papel há anos ) e, por que não, semelhantes em outras cidades, entre tantas outras ações viáveis e coerentes - para que se implante aqui em 'mumificador' deste porte, voltado para uma unica e exclusiva modalidade artistica e de pensamento, em detrimento da diversidade, do pensamento local e absolutamento na contramão das políticas nacionais de cultura (elaboradas, discutidas e construídas intensamente nas conferencias, na funarte, nos colegiados setoriais, pelo suor e pelas mãoes de tantos artistas, produtores, intelectuais, professores....)
quem é o luiz henrique, oque ele entende de arte para passar por cim de tudo isso? é como no caso do tenor de quase 5 milhões (também era italiano?)....quanto não poderia ter sido feito pela cultura local?
é uma política de importação de pão e circo? e o que se produz aqui??? e os nossos artistas, produtores, professores, intelectuais, não tem nada a oferecer???
quem está interado das discussões de políticas públicas e políticas culturais não pode compactuar com tamanho disparate...
que se fomente a diversidade, a formação multipla e diversa, a produçao (e não a reprodução) a pesquisa ...
Pois eu REPUDIO, sim, assim mesmo, em CAIXA ALTA.
ah, e apenas esclarecendo, na Assembléia a Classe não repudiou a estética da escola e sim a arbitrariedade da decisão e a incompatibilidade com o que tem deliberado as conferencias e com o plano nacional de cultura.
Acho aliás, que a infelicidade está no título dado pelo jornal à reportagem, e não nas declarações e manifestações (sempre os (_)ditos jornalistas...)
arte clássica vs. arte contemporânea???
vocês conhecem a galeria das fotos na pagina da Accademia di belle arti di Firenze?
http://www.accademia.firenze.it/eventi/galleria/view/2
arte clássica vs. arte contemporânea???
vocês conhecem a galeria das fotos na pagina da Accademia di belle arti di Firenze?
http://www.accademia.firenze.it/eventi/galleria/view/2
gracias fabricio pela excelente e útil informação ( mais uma vez um dos tão amados e adorados rotulos dos meu amigos jornalistas mais causa confusão do que esclarece)
--
ainda assim, reafirmo, em nenhum momento, em nossa assembleia questionou-se a escola em si. a crítica é do ponto de vista das políticas culturais, e de toda contrução e diálogo e diretrizes que tem se erguido em espaço legítimo que são as conferencias e os colegiados setoriais. Por isso, não podemos concordar...
un link p quem tiver tempo e vontade de entender do que estamos falando: http://www.cultura.gov.br/site/categoria/politicas/plano-nacional-de-cultura/
quem tiver interesse posso, indicar outros conteúdos...
Creio que está claro que não existe um embate do clássico x o contemporâneo, mas sim um questionamento da atitude do gov. Luiz Henrique.
O que está por trás desta atitude?
Hoje o Bolshoi é rejeitado em SC (pergutem para os grupos de dança... pergutem para a comunidade cultural de joinville), porque afinal é um custo enorme e não é em arte como parece, mas sim em marketing para um governo. Como podemos ver existe verba para artes visuais, esse dinheiro pode ser aplicado nas universidades de SC e tb em bolsas para os artistas estudarem no exterior nas Academias que tem afinidade, contribuiria muito mais para a arte em SC, pois os artistas teriam contato com as obras de diversos artistas, visitas a museus, exposições e etc. Ao invés de manter uma grande estrutura física e de pessoal administrativo para ter a placa da Academia de Florença em frente. O custo de um espaço assim é alto, ainda mais se pensarmos que este dinheiro pode ser aplicado em espaços já existentes, muitos com sérios problemas.
E para quem está discutindo a cultura em SC participou das conferências municipal e estadual sabe que o anseio das artes visuais são outros, o mínimo que um governador tem que saber é o que foi discutido, solicitado, em uma conferencia promovida por seu governo.
o debate é muito mais profundo do que um clássico vs contemporâneo, o que está em debate é a política cultural imposta por um governo que decide o contrário dos pedidos e discussões em conferências.
ah ragazzi, vocês têm razão!
mas eu tenho uma pergunte por clássico vs. contemporâneo.
qual academia vai vir? a Academia das Artes do Desenho de Florença, que é mesmo uma academia de arte clássica ( http://www.aadfi.it/index.htm )ou a Academia de Belas Artes de Florença que é uma academia das artes( http://www.accademia.firenze.it/ )?
porque eu estou muito curioso;)
"O videomaker e diretor da Galeria de Artes Victor Kursancew, Luiz Tirotti, também questionou o investimento e a proposta da escola. “Joinville tem um potencial muito grande, vejo isso na galeria e entre os alunos da Casa da Cultura. Mas será que vão ensinar a essas crianças algo de arte contemporânea? Que existe arte plástica em vídeo, por exemplo?”, indaga, preocupado que os alunos fiquem fechados no classicismo."
"A supervalorização da antiguidade clássica na Academia de Belas-artes é a grande dúvida dos artistas locais. Tirotti afirma que hoje a arte contemporânea é vivida mais intensamente e, apesar da importância do clássico, é preciso formar o artista com a consciência de que as discussões atuais são outras. É a mesma opinião de Narloch. “Vivemos em um tempo diferente daquele vivido por Michelangelo. O poder multiplicador seria olhar para a arte da nossa época”, defende."
na wikipedia:
"The Accademia di Belle Arti ("Academy of Fine Arts") is an art academy in Florence, Italy and it is now the operative branch of the still existing Accademia delle Arti del Disegno ("Academy of the Arts of Drawing") that was the first academy of drawing in Europe."
http://en.wikipedia.org/wiki/Accademia_di_Belle_Arti_Firenze#The_Accademia_Gallery
eu acho que eu sei qual academia vai vir;)
A Academia de Belas-artes de Florença:"L’Accademia di oggi si impegna a formare il potenziale creativo dei giovani allievi con corsi di livello universitario che incoraggiano la ricerca di espressioni artistiche e forme d’arte contemporanee, nella linea della grande tradizione artistica fiorentina.
La società di oggi richiede infatti personalità creative ed artistiche sempre più innovative, capaci di cogliere nuove opportunità e interessanti sbocchi professionali e artistici nei più disparati campi culturali."
http://www.accademia.firenze.it/istituzione
Google traduza esta pagina:
"A Academia de hoje está empenhada em formar o potencial criativo dos jovens estudantes com cursos universitários que incentivam a busca de expressões artísticas e formas de arte contemporânea, na linha das grandes tradições artísticas de Florença.
A sociedade de hoje exige que as personalidades criativas e artísticas, de facto, cada vez mais inovadores, capazes de aproveitar as oportunidades novas e excitantes oportunidades profissionais em vários domínios ea cultura artística."
http://translate.google.com/translate?hl=pt-BR&sl=it&u=http://www.accademia.firenze.it/istituzione&ei=1btqS5vaBJKYtgfJ5uiBBg&sa=X&oi=translate&ct=result&resnum=1&ved=0CBEQ7gEwAA&prev=/search%3Fq%3Dhttp://www.accademia.firenze.it/istituzione%26hl%3Dpt-BR%26rls%3Dcom.microsoft:pt-br:IE-SearchBox
Oi pessoas!
Acho que seria legal, nesse debate, a gente ter informações a respeito do impacto, para a dança catarinense, que a instalação do Bolshoi em Joinville.
Para mim, q seja bem vinda a Academia. Mas não posso deixar de ver nela apenas um golpe de marketing de um governo que realizou muitos retrocessos no incentivo e fomento a produção cultural e artística. Seria fantástico se ela não fosse uma iniciativa isolada e que fosse articulada com outros investimentos e ampliações, como os sugeridos pelos artistas na matéria.
Aliás, o ano cultural começou com a notícia do corte em 40% dos recursos destinados ao FUNCULTURAL. Imagino que, como os recursos do ano passado não foram suficientes para pagar todos os projetos aprovados, este ano vai ser de miséria.
Enquanto isso, a Secretaria de Cultura faz pose de boazinha e aplicada junto ao ministério da cultura. Ainda não me desce, por ocasião daquela propaganda veiculada no 2o semestre de 2009, aonde aparece o Circuito Catarinense de Cultura como uma realização. Na verdade nunca saiu do papel.
É esse o espírito pós-moderno de gestão da SOL/FCC: marketing.
Beijos e apareçam na 3a feira!
Oi Márcio, gostei seu comentário!
eu li um artigo sobre o Bolshoi de Joinville na uma site alemã, aqui a tradução de google:
http://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&sl=de&u=http://www.magdeburg.de/index.phtml%3FsNavID%3D1.100%26object%3Dtx%257C115.961.1&prev=/search%3Fq%3Dbolshoi%2Bjoinville%2Bin%2Bdeutschland%26hl%3Dpt-BR%26lr%3D%26rls%3Dcom.microsoft:pt-br:IE-SearchBox&rurl=translate.google.com&usg=ALkJrhiD-kiqpZ-woTy_2f_5HJUDeb8Q7w
quem acompanha os últimos anos da sol/fcc sabe que o Marcio ainda tá pegando leve...
pessoal, gostaria de saber qual é o envolvimento profissional com as artes visuais das opiniões a favor da implantação do Instituto de Belas Artes de florença em SC.
Pois a situação aqui é mais profunda do que essa, colocada entre contemporâneo X clássico - esse argumento é um desvio para se pensar coisas de principio de base de uma politica cultural DEMOCRÀTICA.
não é isso que está em jogo com essa implantação!
Creio que a situação está deflagrada e já estamos pensando em modos de no mínimo difundir o repúdio de mais esse "elefante branco" do sr LHS para SC.
atenciosamente,
r.
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