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A mesa foi organizada pelo GT Teatro, do Coletivo Nosso Inverno e teve inicio às 16 horas deste domingo, 02 de agosto, no Salão de Festas do Teatro Carlos Gomes. A intenção foi debater a situação das políticas culturais no município, o pífio financiamento público de cultura aqui (em Blumenau, R$ 300 mil reais, divididos em blocos de R$ 27700 por área) e no estado e a ausência do Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (FITUB). Participaram aproximadamente 100 pessoas.
O GT encaminhou convites para compor a mesa e contribuir nos debates ao Reitor da Furb, Eduardo Deschamps; a Presidente do Conselho Municipal de Cultura, Noemi Kellerman; a Presidente da Fundação Cultural de Blumenau (FCBLU), Marlene Schlindwein, ao Prefeito de Blumenau João Kleinubing e para a Presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Anita Pires. No entanto, os únicos que compareceram foi Eduardo Deschamps e Noemi Kellerman. Para a nossa surpresa, a Presidente da FCBLU, Marlene Schlindwein, que havia confirmado a sua presença junto aos organizadores da mesa, não compareceu, pois foi prestigiar um evento dos Clubes de Caça e Tiro de Blumenau.
O encontro marcou também o fim da coleta de assinaturas feita durante todas às 24H do Nosso Inverno. Segundo a coordenação, estas assinaturas serão entregues para autoridades do executivo, do legislativo, do Conselho de Cultura e a imprensa local. São reivindicados que os governos municipal e estadual construam relações de diálogo permanente com os artistas e produtores; políticas públicas que promovam a produção, o acesso e a distribuição da arte em todos os cantos de Blumenau; a rejeição as nomeações políticas nos órgãos públicos de Cultura sem critérios técnicos; a exigência duas Edições anuais do Fundo Municipal de Cultura com elevação anual dos valores; respeito aos conteúdos das três Conferências de Cultura já realizadas; garantias de recursos para a realização do FITUB anual, por parte dos poderes públicos municipal, estadual e federal, bem como o apoio privado. Foram recolhidas em torno de 360 assinaturas.
A fala da presidente do Conselho Municipal de Cultura, Noemi K, procurou destacar que nos últimos 10 anos aconteceram várias ações que visam construir e melhorar a qualidade das políticas culturais. Ressaltou, para exemplificar, O Fundo Municipal de Cultural e as três edições da Conferência de Cultura. Porém, a Professora Noemi destacou que esses mecanismos têm se mostrado insuficientes. Citou, também, o caso do status de consultivo do Conselho de Cultura e que já está na Câmara de Vereadores projeto para transformá-lo emdeliberativo.
Eduardo Deschamps, Reitor da FURB, teve um pronunciamento mais institucional, procurando demonstrar ao público presente que investe 0,5% do orçamento total no segmento cultura. Sua intenção foi de mostrar que a Universidade, que anunciou a não-realização do 23º FITUB – agora bianual – tem investido em cultura. Deschamps argumentou que a maior parte do financiamento da instituição vem da cobrança da mensalidade dos alunos e que sozinha não tem como arcar com o Festival. Para ele, somente com o apoio dos governos Federal e Estadual poderá assegurar a sua realização.
Foi então que vieram as falas.
Pepe (Cia Carona de Teatro) ah homem inspirado! No calor de seu cansaço, brindou a todos com questionamentos não a mesa, mas aos faltantes. Para o prefeito Kleinubing, sobre as nomeações meramente políticas para a área da cultura. Para a Presidente da FCBLU, Marlene, por políticas culturais. Disse, encantando e encantado pela força da Arte, que ninguém vai encontrar em Blumenau a melancolia de um Titanic afundando, mas a força, a loucura e a psicodelia de um submarino amarelo.
Rafa Koehler, Grupo K e ex-presidente da Temporada Blumenauense, soltou uma verdadeira bomba: não bastando tudo o que desacontece por aqui, a FCBLU resolve cobrar R$ 200,00, a partir de agora, para quem for usar seu espaço público. A indignação foi geral. Até “Fora Marlene” se ouviu.
A Aline (Liquidificador) estava indignada; eu também estava. Aline apontou o desmonte do Departamento de Promoções Culturais da Furb – DPC – e os resultados negativos vindos dessa atitude “Cabeção de Planilha”, da Reitoria. Minha manifestação foi para EXIGIR a aplicação da Lei: duas edições anuais do Fundo Municipal de Cultura, e a aplicação dos valores máximos permitidos pela mesma Lei e denunciar a desvontade do Governo Kleinubing em ser criativo e complementar a existência do Fundo Municipal com um Mecenato Municipal e outros recursos.
E teve a Rafa Kinas; a professora Carla – até mesmo a Biba (Fabiana Schmitt, artista visual e esposa de ator), comentando da prostituição intelectual que os artistas locais são obrigados pelo descaso do poder público municipal e estadual.
Fala poética e poderosa, também, de Daniel Curtipassi, ex-gestor público – um dos pais do FITUB – e fotógrafo, sobre a intelectualidade que precisa ser entendida como um bem precioso. E quantas pessoas mais se pronunciaram! Roberto Murphy, Cleiton da Rocha e tantos e tantas!
O resumo é: muita coisa ainda vai acontecer no “pós- Nosso Inverno”. Foram-se as 24 H, mas agora está posta em ação uma luta permanente pela PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E ACESSO AOS BENS CULTURAIS; MERCADO CULTURAL, FINANCIAMENTO PÚBLICO E A CONQUISTA DE PÚBLICO CULTURAL aqui na cidade e na região!
A entrega do abaixo assinado será mais um momento de aglutinação. O GT Teatro fará uma pré-Conferência Setorial. Em breve, a votação, na Câmara de Vereadores, do Conselho Municipal de Cultura DELIBERATIVO. E em Setembro, a 4ª Conferência Municipal de Cultura.
Um comentário:
muito bom o registro márcio!!! é isso aí, e nada de deixar cair no esquecimento esse caminhão de cosas importantes...
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