MULHERES
Viegas Fernandes da Costa
(Escritor e historiador)
Eis então a luz que grafa o que narra o olhar. Porque não se pretende o narrar cego, ainda que mudo de palavras. O verbo existe junto aos olhos que miram a objetiva e ordenam à ação o mecanismo que eterniza um momento, uma ideia, uma possibilidade. Ao falar das mulheres deste mundão por onde já vagaram os pés e as retinas de Ricardo Machado, destas mulheres na Índia, no Moçambique e na Suazilândia, fala-nos o historiador e o cronista das mulheres às margens do Ganges, em prece, às margens da estrada, em espera. A prece poderosa a ungir o corpo na fé e que une as mãos da tibetana a rezar a reza exilada em Dharamshala; a espera que mira os olhos no futuro incipiente e assustado em uma Xai-Xai perdida na savana africana, mas que é, também, a espera nossa de cada dia que, se atenta, também imobiliza. E se varrem as mãos em Varanasi, as mãos também clamam silêncio em Xipamanine, na mesma feira em que mãos selecionam os víveres do amanhã.
A perpassar toda a margem, há o colorido, das roupas, das frutas, de um sorriso e seu pulcro adorno, do tecido que envolve o filho às costas de uma mãe que segue tangida pela existência, donde não se é possível recuar. É a mulher telúrica, de pés descalços, esta que emerge da narrativa, das retinas de Ricardo Machado. A mulher mãe, a mulher trabalhadora, a mulher turba e, ainda, a mulher sombra em uma Goa que bem poderia ser qualquer outro lugar. Porque ser mulher é, ainda, ser um lugar; é, ainda, ser a margem, mas também a cor, a fé, o ventre e a palavra.
Principalmente a palavra, como esta que se quer parir nos lábios e na língua da feirante que posa para a máquina em um dia de sol em Orcha.
A perpassar toda a margem, há o colorido, das roupas, das frutas, de um sorriso e seu pulcro adorno, do tecido que envolve o filho às costas de uma mãe que segue tangida pela existência, donde não se é possível recuar. É a mulher telúrica, de pés descalços, esta que emerge da narrativa, das retinas de Ricardo Machado. A mulher mãe, a mulher trabalhadora, a mulher turba e, ainda, a mulher sombra em uma Goa que bem poderia ser qualquer outro lugar. Porque ser mulher é, ainda, ser um lugar; é, ainda, ser a margem, mas também a cor, a fé, o ventre e a palavra.
Principalmente a palavra, como esta que se quer parir nos lábios e na língua da feirante que posa para a máquina em um dia de sol em Orcha.
Um comentário:
lindas imagens! belo texto! parabéns ao homens q tão poeticamente falam dessas mulheres!
beijo
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