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À Organização do 12º Salão Nacional de Artes de Itajaí,
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Na última segunda-feira tivemos a oportunidade de participar da mesa-redonda e da solenidade de abertura do 12º Salão Nacional de Itajaí. A mesa-redonda composta por oito artistas/curadores foi uma iniciativa indiscutivelmente proveitosa e de teor relevante para os presentes. Mas foi também nessa ocasião que, muitos de nós, nos demos conta da metodlogia de “indicadores” utilizada para a composição do Salão e também de que o Edital, não foi cumprido, tendo sido foi apenas um instrumento de fachada para a realização de um outro "Salão", diferente daquele divulgado no regulamento.
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Não somos contra as mudanças e evolução do formato do Salão, da utilização deste modelo híbrido seleção/indicação. Mas a questão é que, até agora, não sabemos exatamente quem foi selecionado no edital ou indicado (aliás o site da Fundação Cultural de Itajaí está fora do ar), ou seja o resultado do edital não ficou claro e, em se tratando da “coisa pública”, isto é preocupante.
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Numa inciativa que pretendia beneficiar e promover artistas, são justamente os artistas os principais lesados. A começar pelo edital: artistas blumenauenses já haviam reclamado do regulamento, que praticamente inviabilizava a participação, haja visto que não se previa nenhum pró-labore ou ajuda de custo aos selecionados (o artista tem custos significativos material, trasporte, montagem, seguro para participar de um salão, sem mencionar todo trabalho do autor), apenas a gloriosa premiação no valor de R$ 5.000 para quatro artistas (aliás, este formato de ‘premiação’ já não é também por demais utrapassado?).
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Passado o problema do edital em si, vem a questão do resultado. O que se presumiu ao visitar o Salão e ouvir as falas do curador Josué Mattos é que, a organização, no meio do caminho, optou por não seguir o edital, mudando as regras e prejudicando nitidamente todos os inscritos legalmente (que investiram numa inscrição e acreditaram estar participando de um processo público, legal e idôneo), e passando a privilegiar os 'indicados', que foram agraciados com o apoio da organização do evento.
Reforçamos, não somos contra a reformulação do Salão, visando um formato mais contemporâneo e adequado, mas, mudar as regras no meio do jogo realmente não pega bem.
Pensamos que a metodologia da indicação pode acrescentar muito ao processo e permitir um interessante mapeamento da produção nacional, mas acrescentamos que consideramos importante também a manutenção do processo de seleção via edital, que pode ser o único caminho que possibilite a artistas distantes dos grandes centros, anônimos e sem uma rede interessante de relações e contatos, o acesso ao sistema.
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Como deveria ser feito nesta edição, o Salão tem que declarar oficialmente suas pretensões combinando então as seleções através do edital e as indicações, oferecendo suporte igualitário para ambos grupos de artistas e, o mais importante: que isso seja divulgado de maneira clara e transparente neste edital que é público.
Gostaríamos de uma explicação por parte da organização do evento sobre as alterações feitas neste Salão, bem como também a lista que indique os que foram aceitos via inscrição (se é que houve algum). Na medida que é um edital público, o processo precisa ser feito com isonomia e respeito aos inscritos no edital.
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Estamos a disposição para dialogar e trocar.
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Atenciosamente,
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Fórum de Políticas Culturais de Blumenau
Setorial de Artes Visuais
22 de junho de 2010.
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