sexta-feira, 1 de julho de 2011

Fala, Kleinübing!

Maicon Tenfen - Jornal de Santa Catarina

Dizem que os ratos são os primeiros a abandonar um navio que está afundando. No caso da Fundação Cultural de Blumenau – espaço da famigerada “cultura Titanic” – é o contrário que está acontecendo. Já há algum tempo, muita gente boa vem saltando de um barco que, esquecido e mal comandado, segue na direção do naufrágio.

Para não me estender demais, já que a lista é grande, cito apenas o colega Gervásio Luz, ex-presidente do Conselho Editorial da Editora Cultura em Movimento (que não publica mais livros); Aline Assumpção, ex-membro do Conselho Municipal de Cultura (processada pela presidenta Marlene Schlindwein); Charles Steuck, ex-presidente do Conselho do Museu de Arte de Blumenau (que, segundo carta de renúncia, cansou de fazer o “papel de capivara”); e Daiana Schvartz, que renunciou ontem, também ex-membro do Conselho do MAB.

Conforme já escrevi outro dia, falta tudo na Fundação Cultural, e olhe que não estou falando somente de dinheiro, algo que sempre faltou para a cultura, mas principalmente de competência e boa vontade. Como se isso fosse pouco, o Ministério Público acaba de confirmar que vai instaurar um inquérito para investigar possíveis irregularidades envolvendo funcionários do extinto Casarão das Oficinas (outra perda da atual gestão).

Ontem, no Santa, logo abaixo da palavra CULTURA, fomos obrigados a ler um título que trouxe vergonha para toda a comunidade: SOB O OLHAR DA LEI. Enquanto isso, na sala de justiça, João Paulo Kleinübing e Rufinus Seibt, responsáveis diretos pela indicação da presidenta Marlene Schlindwein e de tudo que está acontecendo, refugiam-se num silêncio típico dos irresponsáveis. Eu francamente gostaria de saber o que está acontecendo com a administração pública de Blumenau, uma cidade que costuma se gabar de seu povo culto e politizado.

É que a questão não é apenas política, mas sobretudo administrativa. Ou o Executivo toma uma atitude sobre o atual estado das coisas, ou a Fundação encontrará o seu destino no fundo do oceano. Por que o prefeito ou o vice não se manifestam sobre a questão? Por que manter a pobre Marlene como escudo, recebendo as pedradas endereçadas a um problema maior que a incompetência individual de um gestor, a saber, A AUSÊNCIA DE POLÍTICAS CULTURAIS SÉRIAS NO MUNICÍPIO? Não apenas a classe artística, mas toda a comunidade espera uma posição da prefeitura.

Do jeito que as coisas vão, daqui a pouco não haverá nem ratos para abandonar o navio.

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