quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Entrevista com a Casa de Orates


O SESC-SC, através do Festival Palco Giratório/Aldeia SESC, traz para Blumenau diversos espetáculos teatrais na próxima semana. As montagens passam também por outras cidades do estado (Chapecó, Itajaí, Tubarão, Joinville, Lages e Jaraguá do Sul), e a programação é sempre complementada com atrações locais.

Muito mais do que disseminar a diversidade estética da produção cênica nacional, o Festival Palco Giratório busca, por meio das chamadas “aldeias”, criar territórios de efervescência e intercâmbio de conteúdo entre artistas locais e visitantes, estimulando, por sua vez, a formação de público e a produção local não só de teatro e dança mas também nas demais linguagens artísticas.

Casa de Orates

Integrando a programação do Aldeia SESC em Blumenau, a Trupe Sonora Casa de Orates apresenta o espetáculo “Sonhos”, no dia 23/09 (terça-feira), às 20hs, na Fundação Cultural de Blumenau.

A trupe define sua música como “antroponírica” - misturando música, teatro e cinema, a Casa de Orates pretende levar o espectador a um plano quimérico, onde os sonhos individuais tornam-se ao mesmo tempo coletivos a partir de signos propostos no espetáculo.

Pra falar um pouco mais sobre a banda e sobre a apresentação de terça-feira em Blumenau, eu conversei com a Casa de Orates por e-mail.


Primeiro queria que vocês me contassem um pouco sobre o início da banda e sobre a formação, se sempre foi a mesma que a atual, inclusive quanto à instrumentação.

Casa: A banda iniciou em 2002, com outro nome. Em 2003 passou a se chamar Casa de Orates e em 2007, com toda a mudança e com a utilização de elementos cênicos no trabalho, se concretizou como “Trupe Sonora Casa de Orates”.

Já passaram vários integrantes. O último a entrar foi o vocalista e violonista Márcio de Novais, no lugar de José Carlos B., grande amigo, e Jonatan Gonçalves, ator. Hoje os internos/ instrumentistas/ personagens são:

Darlan Martins H. Junior - Baixista / colecionador de lembranças
Euclydes da Cunha Neto - violão e guitarra / louco
Julio César Mendonça - bateria / filósofo
Marcelo Azeredo - flauta, percussão, sax e voz / bruxo
Marcio de Novaes - violão e voz / viajante
Siara Bonatti - Voz / menina onírica
Jonatan Gonçalves - Clown / Colecionador de Coringas

Quem faz os arranjos?

Os arranjos são feitos em grupo. Todos da banda participam ativamente para a criação deles, assim como as composições. Tentamos sempre propiciar nas músicas o máximo de inovação possível ao nosso conhecimento e intuição musical.


Eu sei que essa pergunta é horrível, mas vamos lá: Como vocês definem a música da Casa de Orates?

Bom, sempre perguntam isso para nós, por este motivo paramos um tempo para pensar... Na verdade criamos uma definição: chamamos de música/arte “antroponírica” (o homem que sonha). Chamamos assim pois todas as nossas composições são ligadas de alguma foram ao ser (enquanto a existência) e ao sonhos (enquanto a vontade de criar sem barreiras). Porém, quando queremos simplificar e não entrar tanto em detalhes filosóficos, chamamos também de “música progressiva brasileira”.

Vocês buscam inspiração em obras literárias pra escrever as letras?

Bom, cada integrante tem suas preferências, e é isso que faz a Casa de Orates. O próprio nome foi sugerido pelo ex-integrante Daniel Furtado, tirado de um conto de Machado de Assis, "O Alienista". Mas estão entre algumas preferências ligadas à banda, Nietzsche, Jostein Gaarder, Foucault, Fernando Pessoa, enfim, nesta linha... Claro que todos gostam de coisas diferentes.

E sobre as referências musicais... tem um pouco da psicodelia sessentista, um pouco de MPB...

Bom, aí vai mais longe ainda, não tem nem como falar. São imensas as influências. Cada um traz uma vivência diferente do outro na sua raiz, mas, em breves palavras, podemos dizer que a banda surgiu com enorme influência do psicodélico e progressivo setentista e hoje está muito ligada à música popular mundial e em grande parte brasileira, talvez por todos estarem estudando num conservatório de música popular. (Conservatório de Música Popular de Itajaí)

Eu me lembro do show do vocês no Psicodália, que teve bastante impacto visual, por misturar elementos cênicos, circenses, as máscaras de comedia dell´arte... Como é que surgiu esse interesse de incorporar outras linguagens ao espetáculo?

Esta proposta surgiu em 2005, quanto tivemos os primeiros rascunhos do nosso atual show temático "Sonhos - uma viagem ao onírico”. Queríamos incorporar uma linguagem cênica e cinematográfica ao som, inicialmente para ilustrar as músicas que eram forradas de metáforas. Hoje temos um diretor cênico (Cidval Batista Jr.) e estas linguagens estão cada vez mais fortes, mesmo quando apresentamos o show "O artesão dos sonhos" que é preparado para bares e lugares que não são ambiente de teatro.


Perguntinha infame: é mais fácil tocar de máscara?
Tocar já não é fácil, os músicos sabem disso... de máscara, pensando num personagem que não é você, fazendo movimentos pré-definidos anteriormente e ensaiados, com certeza é bem mais difícil. Aos poucos estamos nos acostumando... Hoje em dia já é mais fácil, mas tudo pela proposta.

É bom trabalhar com música autoral em Itajaí? Como é que anda o cenário musical por aí?

É sempre difícil trabalhar com uma nova proposta. As pessoas estão acostumadas com o que já existe, isso é natural, mas é bem difícil entrar no mercado, principalmente pelas pessoas que detêm o poder de te dizer sim ou não. Já demos muito murro em ponta de faca. Nossa saída para sermos aceitos foi promover nossos próprios eventos. Hoje em dia já temos bem mais respeito do que há um tempo atrás, e existe um público que sempre está nos nosso shows, mas mesmo assim ainda temos problemas de desrespeito em vários aspectos. Este ano lotamos os 505 lugares do Teatro Municipal (de Itajaí) duas vezes com o espetáculo "Sonhos" - uma viagem ao onírico”. Mesmo com músicas estranhas, pessoas que não são artistas consagrados, com uma produção artesanal, o público estava lá. Assim, mesmo quem desdenha de nosso trabalho é obrigado a nos aceitar como artistas de qualidade.

Estão curiosos pra tocar em Blumenau?

Com certeza. Será a primeira vez que aparecemos por aí, mesmo sendo tão perto. Temos um pequeno público de Blumenau que já conhece nosso trabalho e pede para aparecermos. Estamos ansiosos e trabalhando bastante.

* Falando em Blumenau, se agende para a apresentação das bandas Pochyua e Cambaçu e Casa de Orates, que tocarão juntos na Fundação Cultural em novembro.
** Créditos das imagens: Samara Zukonski.

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Festival Palco Giratório/Projeto Aldeias - SESC Blumenau
Trupe Sonora Casa de Orates
Show Temático "Sonhos - uma viagem ao onírico”
Dia 23/09, às 20hs, na Fundação Cultural de Blumenau.
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) / R$ 7,00 (Clube do Assinante A Notícia) / R$ 5,00 (meia)
http://www.casadeorates.com.br/

3 comentários:

Ali Assumpção disse...

imperdível, hein?
tentaremos dar pelo menos uma passada no show
(estaremos no evento do arquivo historico, p/ o lançamento do portal)

Regi disse...

Não acredito que perdi! :-(
Tudo bem... Com o turbilhão que vivi nesse início de semana nem dá pra me cobrar muito.
Vou tentar não perder mais nada de importante!
Beijão

Clara Mendes disse...

oi regi.
o espetáculo foi lindo e fez jus ao nome "sonhos".
mas não se desespere! agora em novembro o Cambaçu vai fazer um espetáculo junto com a Casa de Orates. Em breve a gente dá mais detalhes.
bjo!